quarta-feira, 24 de junho de 2009

A “enchente” da era digital! Que tal um “upgrade”na cabeça?


“Paresque”, a cheia de 1953 vai ficar pra trás! “Escuteinda!” Fiz uma incursão no bairro de São Raimundo e molhei os sapatos nas águas do Negro, dentro da sala de estar de uma família. Foi bem ali na biqueira da ponte que liga o bairro ao centro. Pra se ter uma idéia do aguaceiro, tem jaraqui da escama fina passeando no quintal e tucunaré pedindo pra tirar ele da água! Bem fritinhos, com qualquer farinha, não sobram nem as escamas! Mais rapaz! Aproveitei e fotografei o lugar pra mostrar para as futuras gerações – até porque, só conheço a de 1953 por fotos e relatos dos mais velhos –, o que a natureza é capaz de fazer pra se defender. É muita água! Também fui ao centro da cidade, lá pela Eduardo Ribeiro. O prédio da Alfândega, que já era atração turística, virou “popstar”. Todo mundo quer tirar uma foto na frente do coitado, só pra dizer: “maninha da minha’alma, bati um retrato da enchente. Olha já?!” Ao lado do mercado Adolpho Lisboa só passa de catraia; as pontes improvisadas são o asfalto e sacos de areia são o muro de arrimo ( e mesmo assim os camelôs continuam lá!). Pois bem. Em todos os lugares, por onde quer que ande, tem sempre alguém com uma câmera fotográfica digital ou uma de vídeo. Foto pra cá, vídeo pra lá; celular então, nem se fala. E assim vamos registrando a cheia do rio negro. Na tv a cabo, na internet, nas tvs abertas... em tudo o que é canto tem imagem das alagações, em movimento e em “still”; milhões de pixels da cheia dominam as telas de “LCD”ou “PLASMA”; fez a foto aqui, a imagem ali e pronto! Tá na rede! A única coisa que não acontece com tanta velocidade é a educação do povo. Se você for analisar as imagens bem de perto, bem de pertinho mesmo, vai ver que a cada 2 megapixels tem uma latinha de cerveja ou uma garrafa pet! O lixo jogado no que sobrou dos nossos igarapés nunca voltam pra casa do cara que o jogou. E o mais engraçado é que o cérebro humano é o computador mais potente que existe – palavra dos cientistas! Mais quando já?! Tá mais que na hora de um “upgrade” geral; tá mais que na hora de impedir o pior. Vamos fotografar e gravar em vídeo sem o lixo como ator principal.

Paulo Freire é diretor de cena e diretor de fotografia.

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