sábado, 13 de junho de 2009

Como é difícil ser um romano nos trópicos!




Cinema complicado esse nosso, hein? Já não bastasse a distância entre a vontade de fazer cinema, a falta de conhecimento técnico de muitos “pseudo cineastas” locais, ainda publicam um edital – o Proarte 2009 da Secretaria de Estado da Cultura - , ilegal! Não sou eu quem está dizendo. É o conselheiro da OAB-AM, Antonio Barro de Carvalho. E isso tá escrito no Diário do Amazonas de quarta-feira, dia 10. No edital, no quesito PROPONENTE, ítens 2.4 e 2.7, está escrito: O proponente da Capital – Manaus – deverá estar devidamente registrado e quitado, com anuidade 2009, na Associação de Cinema e Vídeo do Amazonas – ACVA (que absurdo!); e que os membros da Comissão de Análise Técnica (olha o absurdo de novo!), poderão participar do consurso (ou seja inscrever projetos), desde que os mesmos não avaliem seus projetos! Viu como é difícil ser romano nos trópicos? É quase impossível fazer cinema aqui na terra do jaraqui. Se o edital é de uma secretaria de estado logo ele é público, ou seja, qualquer pessoa – devidamente documentada e com seus impostos em dia - pode participar. Outra coisa: o cidadão inscreve um projeto e faz parte da Comissão de Análise! Olha, é o mesmo que colocar um peixinho num aquário cheio de piranhas. Nada contra a ACVA, nada contra seus membros. Sou contra esse tipo de atitude que impede o acesso aos bens públicos. O dinheiro disponível – diga-se de passagem, do contribuinte - para o contemplado realizar seu projeto audiovisual nem é muito: apenas 12 mil. Como o imposto de renda já fica retido na fonte, sobra um pouco. Se a verba é pública e o edital também, por quê uma entidade sem fins lucrativos decide, por meio de um Conselho Estadual de Cultura, que os participantes sejam obrigatoriamente associados à ACVA? Sérgio Uchôa, secretário administrativo da ACVA, é membro do conselho na área de cinema e vídeo e estava presente quando impuseram essa condição. Pergunto ao Sérgio: o que você estava fazendo aí que não viu um absurdo desses? Preparando o seu projeto para inscrever no Proarte? É por isso que eu digo: como é difícil ser um romano nos trópicos!


P.S.: O título “Como é difícil ser um romano nos trópicos” pertence ao cineasta Roberto Kahane.
Até a próxima.


Paulo Freire é diretor de cena e diretor de fotografia.

Um comentário:

  1. E em respeito aos romanos, como não parlo italiano, comentarei com sotaque francês (que certos uns adoram): FULERÁGE

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