quarta-feira, 22 de julho de 2009

“Fotografar é um gesto de Amor”.


Lembram desta frase? Ela vinha impressa nos álbuns fotográficos da extinta “Sonora”, a mãe da Love. Lembram da Love, a “máquina” de fotografar? Na década de 1980 a Love era a grande novidade em fotografia; a sensação do momento. Já vinha com filme 35mm e quatro flashes embutidos. A pessoa “batia” a foto e rodava o encaixe dos flashes para avançar o filme. A Love, na época, era como o “celular": todo trabalhador tinha uma, duas e até três! Usavam-se as 24 poses e levava pra um dos vários laboratórios da Sonora pra ser revelado e ampliado em tamanho único, se não me falha a memória, 10x15. Acompanhavam as fotos coloridas um pequeno álbum com a frase que dá título a este post. Pois bem, a foto aí em cima na verdade ilustra esse “gesto de amor”. Saí pela cidade com minha Nikon F2 a tira colo - presente de um grande amigo, filósofo, sociólogo, jornalista e acreano radicado no Rio de Janeiro, Edilson Martins - e no igarapé do 40 encontrei este grupo de meninos tomando banho nas águas da fonte recém inaugurada. Pedi autorização e cliquei! Estava com um filme B&W da Kodak, sensibilidade ISO 400. Cliquei umas dez vezes até perceber que tinha a foto. Rebobinei o filme, levei pro Minilab e 30 minutos depois estava impressa. Na verdade, pra conseguir esta foto levei uns 15 minutos. O que quero dizer é o seguinte: tem que dominar a técnica! Não adianta nada sair por aí e “clicar” feito doido, pra todos os lados que a “venta” aponta (venta é nariz em “amazonês")! Aprendam a “Fotometrar”, a compor o quadro; dominem a “Regra dos Terços”, dominem o equipamento! Pra isso acontecer aconselho ter uma câmera de filme, mecânica ou eletrônica. As digitais já vêm prontas. É uma chatice só! O cara mira, clica e revisa no LCD. Se gostou, deixa lá; se não, deleta. Aí eu pergunto: se não existisse a câmera mecânica a digital existiria? Não. Pra existir o hoje, obrigatoriamente houve um passado. Pra existir o futuro tem que existir o hoje! “Queimar” filmes 35mm ainda é “a verdadeira faculdade da fotografia”. O P&B são o início de tudo e não vão morrer nunca! O filme, sim! Está com os dias contados. Por isso, dominem a luz, a câmera e a ação! Em película enquanto há tempo!

Paulo Freire é diretor de cena e diretor de fotografia.

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