domingo, 19 de julho de 2009

"Uma História de Resistência".


A Oficina Prática de Produção Audiovisual, ministrada por Jean Robert, encerrou no dia 15 de julho passado. Foram dez dias de intenso aprendizado (no domingo todos estavam de folga! ) Os alunos perceberam que não basta ter uma idéia e sair “gravando” qualquer coisa, de qualquer jeito. Tem que “Produzir” com “P” muiúsculo! Na quinta-feira a aula foi em campo. Todos nós – eu me incluo porque fui o diretor convidado e responsável pelo produto final, um vídeo documentário – fomos até o “Palacete Provincial” para uma visita de locação. Os alunos vivenciaram na prática tudo o que absorveram durante a Oficina: pré-produção, autorizações, fotografia de locação para o diretor, posição do sol para gravar fachadas, etc. No sábado gravamos o dia inteiro: das 8h da manhã às 18h. Dia lindo! Céu azul, poucas nuvens – de julho a agosto a luz está fantástica. Resultado: uma ótima fotografia! Bem, o “Palacete Provincial” foi escolhido por nós como cenário do documentário em curta-metragem que é resultado prático da oficina. Nos anos 40, em pleno “Estado Novo de Getúlio Vargas”, ele serviu de cárcere para um dos jornalistas mais respeitados do Amazonas: Aristophano Antony. 184 dias preso, 19 dias incomunicável, acusado injustamente de ser “germanófilo”! Sabem o que é isso? O nosso amigo inseparável, o “Dicionário Aurélio”, explica: germanófilo. Adj sm. Amigo ou admirador da Alemanha e dos alemães. Ele foi preso porque divulgava, por meio do seu jornal “A Tarde”, as notícias oriundas das agências de notícias européias e também porque, sendo um homem à frente do seu tempo, admirava Goethe, Nietzsche, Freud, e por aí vai. Da tradicional família Antony fomos apresentados à Sra. Maria Ineida Antony de Borborema. 82 anos de pura simpatia, lucidez, inteligência. Admirável senhora! Ela, aos 15 anos de idade, foi a única pessoa a conseguir visitar o pai na prisão. Conseguimos entrevistá-la, depois de muito insistirmos, e o resultado final é uma história que se confunde com a história da nossa cidade e do Palacete Provincial. "Uma História de Resistência” é o título do documentário, até agora, com 17 minutos. Ainda vou inserir uma entrevista com o escritor e historiador Robério Braga que nos conta, com conhecimento de causa, a história de resistência deste prédio tão importante na vida da nossa Manaus. Paulinho Da Viola, cantor e compositor brasileiro, disse: “Eu não vivo do passado. O passado vive em mim”. Por isso eu digo: Conheçam a história do seu lugar. Só ela, a história, nos prepara para o hoje e para o amanhã. A Oficina de Produção Audiovisual foi uma iniciativa do Governo do Estado do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado da Cultura e do Liceu de Artes Claudio Santoro.

Paulo Freire é diretor de cena e diretor de fotografia.

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